sábado, 28 de março de 2009

Obesidade é doença do capitalismo

Há consenso de que a obesidade é uma epidemia mundial, um problema de saúde pública.

Cerca de 609 mil brasileiros com mais de 20 anos de idade eram obesos mórbidos em 2003. A cifra indica um crescimento de 255% no número de pessoas nessas condições nas últimas três décadas no Brasil, de acordo com um estudo das universidades de Brasília (UnB) e de São Paulo (USP), publicado em 2008.

A obesidade mórbida representa a segunda causa de morte evitável no País, só perdendo para o trauma.

Mas por que essa enorme massa de gordos só aumenta?

Porque viver na sociedade capitalista é receber a todo momento mensagens que lhe dizem “como isso”, “experimente aquilo”, “novo sabor”, “coma muito”. E ao mesmo tempo exige que você tenha a silhueta de um Brad Pitt ou de uma Gisele Bundchen. Note que a dieta de nenhum dois permite as extravagâncias impostas pela mídia burguesa.

A mídia burguesa hipócrita que em um mesmo telejornal ensina a fazer dobradinha para o jantar e a desdobrar-se para perder calorias.

Soma-se ao bombardeio midiático, a falta de tempo imposta pela competição excessiva do mundo do trabalho, que faz com que as jornadas diárias ultrapassem em muito as 8 horas da CLT, chegando a 12, 13, 14 ou mais horas. Não esqueçamos o trânsito das grandes cidades, que nos obriga a ficar mais 1, 2 ou 3 horas presos dentro de um carro ou ônibus. Conclusão - falta tempo para a prática de exercícios físico, o que gera sedentarismo.

Outro ponto é o alto preço das academias. A população brasileira tem outros gastos e acaba não sobrando dinheiro.

Precisamos de um mundo em que a obesidade seja encarada como doença, a propaganda de gêneros alimentícios que agravam este problema seja proibida (pelo menos para crianças) e que o respeito às leis trabalhista deem tempo para que as pessoas se exercitem, assim como emprego e salário justos para pagar gastos de saúde preventiva.

A esquerda deve assumir a luta antiobesidade como uma bandeira para uma sociedade mais justa!

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, é a primeira vez que acesso o blog de vocês e achei seu texto muito interessante. Concordo totalmente com sua opinião e gostaria de acrescentar um fator que acredito que também tenha relação com o aumento do sedentarismo e da obesidade: a quebra da relação entre trabalho e exercício físico. Explico.

Nossos pais, avós, bisavós não sofriam tanto destes males. Afinal não tinham computadores, carros, televisão, etc. Não culpo nenhuma destas tecnologias como causadoras da obesidade. Acontece que hoje adquiriu-se uma visão onde o trabalho manual é visto como algo inferior, enquanto que o trabalho superior e mais digno é aquele que exige somente esforço intelectual, nenhum físico.

Ou seja, queremos ter corpos perfeitos e musculosos, mas não queremos fazer esforço para obtê-los. O esforço não pode vir do trabalho braçal, que é algo inferior. Logo deve vir do esforço inútil (ir numa academia malhar, que é algo ao meu ver é algo sem fins práticos, sendo somente o obter um corpo malhado) quando este esforço sempre foi obtido do trabalho e o corpo malhado era somente conseqüência disto.

Não estou desconsiderando o trabalho intelectual, pois eu mesmo sou da área da informática, mas acho que há ações que poderiam ajudar muitas pessoas.

Um exemplo é o camarada que vai ao trabalho de carro (enfrentando congestionamento, mesmo nas cidades menores) todos os dias e dedica seus finais de semana ou o fim da tarde para caminhar, pedalar ou fazer outra atividade física. Será que se esta pessoa fosse ao trabalho de bicicleta algumas vezes por semana ele talvez não poderia utilizar esta atividade como complementar em seus exercícios físicos.

Muitas vezes pode parecer uma idéia utópica, já que a estrutura das grandes metrópoles não nos permite que tais idéias sejam implantadas pela maioria das pessoas (trabalho distante de casa, poluição, violência urbana, risco de atropelamentos, etc).

Eu, mesmo tendo moto, procuro utilizar sempre minha bicicleta para me locomover. Automóveis são muito úteis, principalmente quando precisa-se carregar bagagem ou muitas pessoas. Mas para ir na padaria ou a faculdade muitas vezes não é necessário.

"Falta tempo", é o argumento mais comum. Acredito que a máxima "tempo é dinheiro" está começando a entrar em decadência, pois as pessoas estão cada vez mais ocupadas, com menos tempo e com menos dinheiro. Há algum problema nesta lógica toda, não? :-)

Ah sim, estou assinando o feed do blog de vocês.

João Cassino disse...

Leandro, obrigado por sua complementação.