sexta-feira, 1 de maio de 2009

1 de Maio - também uma luta semântica

Não tem jeito. O calendário insiste com uma anotação no dia 1 de Maio em letras vermelhas: Dia do Trabalho. A folhinha da farmácia está assim, os jornais de hoje trazem "o que fazer no feriado do dia do trabalho". Durante o dia a imprensa insiste na cobertura das festas do dia do trabalho.

O peleguismo venceu? Muito pior! Tentam criar a atmosfera da comemoração da atividade e do emprego (comemorar por você ter um!). Comemorar a atividade é muito diferente de comemorar o ser, o trabalhador, aquele que vende sua mão de obra ou mesmo comemorar aquele que transforma a matéria prima, que cultiva a terra, que transforma idéia em conhecimento, que empreende, que cuida, que educa e luta.

A troca do substantivo força uma comemoração ao ato de trabalhar e não àquele que executa o trabalho. Falsamente cria uma atmosfera de comemorar aquilo que você pode ter enquanto tantos outros o desejam, deixando à margem a agenda por melhores condições de trabalho, da redução da jornada, pelo salário justo e digno, pela qualidade do transporte coletivo, pela eliminação das discriminações de raça, cor e gênero. Bandeiras históricas da luta dos trabalhadores desde a greve em Chicago de 1886.

Mas comemorar o Trabalhador também pode estar parecendo "démodée", coisa de sindicalista, de operário. Como se os trabalhadores da nova economia não o sejam; como se o apertador de parafusos de Chaplin não tivesse sintonia com os pseudo-executivos, programadores, analistas e atendentes de contact-center - esses "trabalham", mas não são "trabalhadores".

1 de Maio! Dia do Trabalhador (SIM!)! Dia de luta por emprego, por condições de trabalho, por redução da jornada de trabalho, direitos trabalhistas, participação nos lucros, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.

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