quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Coréia do Sul para principiantes 3.

É fácil, na Coréia, saber onde estão os estabelecimentos comerciais, você os identifica pela poluição visual. São dezenas de placas umas por cima das outras, cheias de caracteres coreanos. O difícil é entender nas placas o que está escrito, pelo menos para nós, analfabetos funcionais.

O alfabeto coreano (hangul) tem uma história conhecida. Foi apresentado pelo Rei Sejong, O Grande, em 1443, e simplificado ao longo dos séculos. A coleção de caracteres obsoletos hoje é bem maior que a dos caracteres correntes. Sua criação teve vários objetivos. À época, a Coréia usava caracteres chineses, o que tornava o aprendizado da escrita muito trabalhoso. Além disso, com significados diferentes dos mesmos caracteres usados na China, o que causava grande confusão para a pequena parcela alfabetizada da população.

Não acredito que o povo tenha ido às ruas para protestar por uma maneira de escrever mais simples. E provavelmente não foi fácil convencer os alfabetizados a desprezarem o fruto de anos de dedicação, e que no fundo é um diferencial de status social. Mas com o peso da propaganda real de um lado, e do outro aprender 4 mil caracteres Chineses, só para mandar uma carta de vez em quando, falando mal desse ou daquele cara, a adoção do hangul era uma boa opção. E o resultado é que desde então ficou fácil ensinar a ler e escrever na Coréia, o que aumentou muito o índice de alfabetização.

Hoje, você encontra bastante material de ensino na internet. Além de simples, o alfabeto é interessante, as letras de uma sílaba são agrupadas num bloco, então é um dos poucos que possui um algoritmo de compressão. Em menos de uma semana você começa a ler sem entender, ou seja, você deixa de ser um analfabeto completo e passa a ser apenas um analfabeto funcional, mas isso já ajuda muito.

Em relação à brasileira, a língua coreana tem menos consoantes. Como o português usa acentos, existe uma certa correlação nos sons das vogais. O problema é que os materiais de ensino se encontram na maioria em inglês, que tem poucas vogais e nenhum acento. Como língua, o inglês é um intermediário terrível.

Nos computadores também. O teclado coreano tem os caracteres desenhados junto com letras arábicas sem nenhuma correlação de som. Para um ocidental o melhor a fazer é colocar o teclado num modo em que o som, em inglês, reproduziria mais ou menos o que ele escreve. Por exemplo, 자자면, em português pronuncia-se djadjamion, escreve-se no teclado "ja ja myeon", e é um prato muito gostoso.

PS: Mion é macarrão. Djadjamion é macarrão, coberto com um molho escuro agridoce, não apimentado. O molho original é chinês, mas foi modificado pelos coreanos até ficar com um sabor completamente diferente.

2 comentários:

Léia disse...

Fred, muito bom seus textos!!!

Continue postando notícias! É muito legal compartilhar essa experiência com você.
to adorando conhecer a coréia pela sua percepção.

sucesso por aí e grande beijo
Léia

Patricia Camara disse...

Fre, faltam 20 dias para seu retorno. Vou adorar saber mais detalhes sobre a sua viagem. Amei seus textos da mesma forma que amo você.
Beijos com saudades!
Pah.