domingo, 16 de agosto de 2009

Coreia do Sul para principiantes 4

Almoçar no restaurante coreano é sempre uma aventura. O menu é todo em coreano, sem fotos. Você lê em voz alta os caracteres que compõem o nome de um prato qualquer. Se o prato terminar em bab (밥) é porque ele tem arroz, se terminar em mion (면), é porque tem macarrão, o terceiro ingrediente identificável no prato, pelo menos por mim, é o mandú (만두), que é um bolinho com recheio de vegetais e carne, parecido com o gyoza japonês.

Aí você chega no caixa e fala em péssimo coreano o nome de um prato qualquer. A atendente, para confirmar, repete o que você acabou de falar numa pronúncia correta de dar inveja, e você responde sim. Importante: balançando a cabeça.

Em seguida você torce para ela não perguntar mais nada, mas de vez em quando, mesmo assim, ela fala um monte de coisas que você não entende. Eu aprendi que funciona você fazer um sinal de pequeno com a mão e responder sim balançando a cabeça, se você quiser, pode responder qualquer coisa em português mesmo, não importa. Por fim ela escreve o preço num papel ou numa calculadora, te mostra e você paga.

Eu não sei o que eles entendem com o sinal de pequeno ou com o sim, mas eu sei que existem dois tamanhos de porção e o pequeno é suficiente para mim. As atendentes sempre fazem uma cara de não entendi, mas o que se há para explicar? Você nem sabe o que está pedindo... O importante é manter uma postura firme e afirmativa, para a atendente não sugerir outro prato qualquer, que para sua confusão no futuro, você acabaria aceitando.

A parte mais legal da aventura está para começar. Senha na mão, os minutos passam, seu prato é colocado no balcão, seu número aparece no display eletrônico. Para receber o prato, a atendente precisa apontá-lo para você, é claro. Depois de olhar o prato, você provavelmente ainda não vai ter a menor idéia do que é, mas vai saber se é um prato gelado, quente, com frutos do mar, algas, peixe, carne ou severamente apimentado.

A pimenta consumida na Coréia parece ter feito de tudo para não ser comestível, todo esse esforço em vão. E existem pratos apimentados que os coreanos também evitam, porque são muito fortes. Caso o prato tenha vindo vermelhinho e fumegante, quente em todos os sentidos, os acompanhamentos de praxe são o arroz grudento, numa cumbuca de metal, e o chá, num copinho de metal.

A fome se encarrega do resto. Parafraseando meu colega Paulo Pastore, trabalhando numa margem de erro de 20% (o que quer que isso signifique), esse método tem dado certo. E a aventura é sempre emocionante.

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